terça-feira, 2 de abril de 2019

Futilidades

Adam Bird
quando me esqueceste, os teus olhos assemelhavam-se a uns olhos de cão e a tua alma tinha simbioses de voos de pássaros exóticos.    não sei porque me lembro sempre da curva a esvair-se em ti e tu a esvair-se na curva da minha e da tua e da nossa vida.

o meu corpo em cima dos saltos altos.   altos.   tão altos que me faziam mais alta que tu. o vestido – encarnado – a me aprisionar os movimentos que se queriam lestos.  foi o último dia que usei saltos altos e que usei essa cor.  esqueceste-me como um dardo lançado ao acaso num dia sem hora sem estação sem mágoas.  simplesmente. esqueceste-me.   e voaste para o mundo das gaivotas que sobrevoam o mar e por vezes o rio.
.
©Piedade Araújo Sol 2011-03-15

10 Comentários:

Blogger Rogério G.V. Pereira disse...

De uma próxima,
veste
vestido
vermelho
e
verás
que
voltará

(o encarnado
deixou de ser usado)

terça-feira, 02 abril, 2019  
Blogger Agostinho disse...

Um texto cheio de evidências, que insiste na inutilidade das futilidades. Mas há sempre um entretanto que a gente gosta; e tira a monotonia da vida... Como seria sem cenografia?
Tudo começa e acaba no incontornável ponto. Difícil é o parágrafo.
Bj., cara amiga.

terça-feira, 02 abril, 2019  
Blogger Teresa Durães disse...

Um voo sem retorno

terça-feira, 02 abril, 2019  
Blogger Cidália Ferreira disse...

Parabéns pelo soberbo poema!:)

Beijo e um excelente dia!

terça-feira, 02 abril, 2019  
Blogger Marta Vinhais disse...

Tudo começa e acaba no Mar...às vezes, é caprichoso, outras, é fútil...
Mas a maior parte das vezes abraça-nos e por alguma razão, as gaivotas regressam...
Aceita-nos como somos...
Lindo...
Beijos e abraços
Marta

terça-feira, 02 abril, 2019  
Blogger Larissa Santos disse...

Um poema brilhante. Adorei :))

Hoje:- Quando há vida, na vida da gente. Felicidades meu bem.

Bjos
Votos de uma óptima tarde.

terça-feira, 02 abril, 2019  
Blogger Mar Arável disse...

Nada é perfeitamente inútil

terça-feira, 02 abril, 2019  
Blogger José Carlos Sant Anna disse...

Parece mesmo que o chão evapora sob os sapatos altos. Tão altos. E o encarnado vestido. E o verbo transitivo e pronominal aprisionando os movimentos. Esquecer. Transitivo como um rio de sangue escorrendo, encarnado, fertilizando o espaço e o tempo da explosão do silêncio e em direcção à realidade poética deste texto ao desvio semântico inominado!
Parabéns pela originalidade da prosa poética!
Beijinhos,

terça-feira, 02 abril, 2019  
Blogger Graça Pires disse...

Um texto poético cheio de sentido. Deixa que o vestido vermelho te cinja outra vez o corpo e verás as gaivotas desvairadas sobre o mar...
Uma boa semana.
Um beijo.

segunda-feira, 08 abril, 2019  
Blogger manuela baptista disse...

tenho pena do vestido encarnado, não mais vestido

talvez devêssemos repetir uma e outra vez, não te esqueças de mim

segunda-feira, 15 abril, 2019  

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