Futilidades
Adam Bird
quando me esqueceste, os teus olhos assemelhavam-se a uns olhos de cão e a tua alma tinha simbioses de voos de pássaros exóticos. não sei porque me lembro sempre da curva a esvair-se em ti e tu a esvair-se na curva da minha e da tua e da nossa vida.
o meu corpo em cima dos saltos altos. altos. tão altos que me faziam mais alta que tu. o vestido – encarnado – a me aprisionar os movimentos que se queriam lestos. foi o último dia que usei saltos altos e que usei essa cor. esqueceste-me como um dardo lançado ao acaso num dia sem hora sem estação sem mágoas. simplesmente. esqueceste-me. e voaste para o mundo das gaivotas que sobrevoam o mar e por vezes o rio.
.
©Piedade Araújo Sol 2011-03-15
10 Comentários:
De uma próxima,
veste
vestido
vermelho
e
verás
que
voltará
(o encarnado
deixou de ser usado)
Um texto cheio de evidências, que insiste na inutilidade das futilidades. Mas há sempre um entretanto que a gente gosta; e tira a monotonia da vida... Como seria sem cenografia?
Tudo começa e acaba no incontornável ponto. Difícil é o parágrafo.
Bj., cara amiga.
Um voo sem retorno
Parabéns pelo soberbo poema!:)
Beijo e um excelente dia!
Tudo começa e acaba no Mar...às vezes, é caprichoso, outras, é fútil...
Mas a maior parte das vezes abraça-nos e por alguma razão, as gaivotas regressam...
Aceita-nos como somos...
Lindo...
Beijos e abraços
Marta
Um poema brilhante. Adorei :))
Hoje:- Quando há vida, na vida da gente. Felicidades meu bem.
Bjos
Votos de uma óptima tarde.
Nada é perfeitamente inútil
Parece mesmo que o chão evapora sob os sapatos altos. Tão altos. E o encarnado vestido. E o verbo transitivo e pronominal aprisionando os movimentos. Esquecer. Transitivo como um rio de sangue escorrendo, encarnado, fertilizando o espaço e o tempo da explosão do silêncio e em direcção à realidade poética deste texto ao desvio semântico inominado!
Parabéns pela originalidade da prosa poética!
Beijinhos,
Um texto poético cheio de sentido. Deixa que o vestido vermelho te cinja outra vez o corpo e verás as gaivotas desvairadas sobre o mar...
Uma boa semana.
Um beijo.
tenho pena do vestido encarnado, não mais vestido
talvez devêssemos repetir uma e outra vez, não te esqueças de mim
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