terça-feira, 6 de dezembro de 2016

A casa grande

ionut caras

A casa grande, era tão grande,
e por vezes tornava-se pequena demais para nós
As nossas vozes confundiam-se como chilreios desafinados
As gargalhadas ressoavam
E tudo era motivo de alegria
Na pressa de viver a vida
E sorver as emoções à flor da pele
Havia o poço cheio de água onde os patos nadavam
O cão Setter que um dia matou  duas galinhas,
o gato amarelo que passava o dia a dormir e que nunca caçou nada na vida,
e as plantas viçosas e bem tratadas.
O jardim era tão grande
Com flores  que tingiam a nossa vista de cores
E as narinas de bálsamos
A casa grande está lá, tão grande, e tão pequena
Ainda resiste ao tempo e ao vento
Abandonada
E  vazia
Tão vazia como nós…

© Piedade Araújo Sol 2016-12-05

23 Comentários:

Blogger Cidália Ferreira disse...

Poema lindo demais! Parabéns

Beijinhos

http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

terça-feira, 06 dezembro, 2016  
Blogger Agostinho disse...

A casa como espaço físico e imagético num poema que parece um desfiar de memórias marcadas pela ternura das coisas que deram sentido à construção da vida- casa.
Piedade, gostei muito de saber dos fashes que te enformaram a alma de poeta. A casa romanceada em linguagem poética não pode deixar de levar ao "eu" ideal.
Bonito
Um bj.

terça-feira, 06 dezembro, 2016  
Blogger Elvira Carvalho disse...

Um poema recordação que me levou à minha infância.
Um abraço

terça-feira, 06 dezembro, 2016  
Blogger Graça Pires disse...

Voltaste a ser menina, Piedade. E reencontraste a casa que te parecia grande, mas agora é pequena. E disseste-nos que um poeta pode regressar à infância com a inocência nas palavras...
Belíssimo!
Uma boa semana.
Beijos, minha Amiga.

terça-feira, 06 dezembro, 2016  
Blogger Mar Arável disse...

Estas casas eternas
habitam-nos

Bj

terça-feira, 06 dezembro, 2016  
Blogger VENTANA DE FOTO disse...

Un lugar privilegiado para esa casa y una grna escalera que no lleva diredto al cielo.

Buen poema con una idílica imagen.

Besos

terça-feira, 06 dezembro, 2016  
Blogger Marta Vinhais disse...

Não está vazia, se ainda guarda memórias...
Lindo...
Beijos e abraços
Marta

terça-feira, 06 dezembro, 2016  
Blogger Majo Dutra disse...

A casa da nossa meninice e do aconchego do amor familiar,
um tema muito belo e terno para um poema encantador...
Gostei muito, estimada amiga.
Beijinho.
~~~

terça-feira, 06 dezembro, 2016  
Blogger Luis Eme disse...

O tempo é uma lupa, Piedade...

abraço

quarta-feira, 07 dezembro, 2016  
Blogger baili disse...

your poem is so touching and deep.
it reminded me the large house of mine back in village where i lived most beautiful times with my parents and ran as flew over the hills along friends like butterfly .
this house still exists but not for me now

quarta-feira, 07 dezembro, 2016  
Blogger Os olhares da Gracinha! disse...

Um poema e uma imagem perturbadores...bj

quarta-feira, 07 dezembro, 2016  
Blogger Ana Freire disse...

E apesar de vazias... permanecerão sempre cheias... de recordações, por parte de quem por elas passou...
Como sempre um belíssima e tocante inspiração, Piedade!
Beijinho! Continuação de uma boa semana!
Ana

quarta-feira, 07 dezembro, 2016  
Blogger O Árabe disse...

A imagem é fantástica, Piedade. E o texto, secundado pela música envolvente, desafia qualquer classificação. Belo, muito belo! Bom resto de semana, obrigado.

quarta-feira, 07 dezembro, 2016  
Blogger Pedro Luso de Carvalho disse...

Piedade, assim é a vida, quando se tem sorte. Uma casa grande, tanto espaço para as brincadeiras, o jardim, mas depois o tempo destrói essas preciosidades, a casa fica para trás, as lembranças não. Por isso a casa grande, pequena agora, ainda está lá, sozinha, como assim estão os que a deixaram. Parabéns.
Abraços.
Pedro.

quarta-feira, 07 dezembro, 2016  
Blogger Jaime Portela disse...

A dimensão das coisas também depende do olhar...
Magnífico poema, gostei imenso.
Bom fim de semana, querida amiga Piedade.
Beijo.

sexta-feira, 09 dezembro, 2016  
Blogger Unknown disse...

É Incrível como as palavra tem o poder de nós gerar emoções, e há muito não me sentia tão abraçados pelas palavras e por minhas emoções. muito obrado por esse momento.

Abraço.

sexta-feira, 09 dezembro, 2016  
Blogger Maria Rodrigues disse...

E a casa grande está cheia de recordações.
Tão nostálgico e tão belo
Beijinhos
Maria

sexta-feira, 09 dezembro, 2016  
Blogger Manuel Veiga disse...

uma vibração subtil percorre as casas abandonadas, quando algum poeta as erguem em poema!

muito belo, teu poema.

beijo

sábado, 10 dezembro, 2016  
Blogger Aleatoriamente disse...

Tudo lindo aqui.
Moça querida e poetisa primorosa, que encanto ler-te.
Beijinho Pi

domingo, 11 dezembro, 2016  
Blogger LuísM Castanheira disse...

"a minha velha casa", oiço a voz belíssima do Tordo, no poema genial do Ary,"a casa do Campo Grande" e embrenho-me neste seu poema, como se a minha casa fosse (a dos meus avós).
entro nela, vindo do quintal, tão cuidado e tão igual.
e agora só o céu é seu teto...
não resistiu.o tempo quis apagar as memórias como apagou as vidas.
hoje, só este lindo texto/poema, me fez voltar.
e com ele revi o meu tempo de menino,
o meu sonho e o meu carinho por aquele espaço, tão pequenino aos olhos vividos, mas tão imenso, como imenso era o coração partilhado com esses seres maravilhosos, os meus avós e quando a inocência era grandeza.
muito obrigado por este (meu) momento de lucidez.
Um abraço.

segunda-feira, 12 dezembro, 2016  
Blogger O Árabe disse...

Boa semana, Piedade; aguardo o próximo post.

segunda-feira, 12 dezembro, 2016  
Blogger Toninho disse...

Engraçado como com o tempo somos todos lembranças.Lindas estas lembranças poeticamente colocadas, há um certo saudosismo misturado com incompletude.
A casa permanece em nós como a nos fazer reconstruir das cinzas de um passado.
Uma imagem para acordar lembranças.
Abraços amiga.
Bjs.

sexta-feira, 16 dezembro, 2016  
Blogger Henrique Caldeira disse...

e, contudo, a casa grande vive dentro da poetiza.
sinto o poema como uma revisitação, não uma plena nostalgia ou melancolia, não totalmente triste, onde os vazios se acomodam, pois são o que são. gosto!
beijinhos
:)

quarta-feira, 28 dezembro, 2016  

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