terça-feira, 25 de outubro de 2016

...

christine ellger

eu leio as palavras, que um dia escrevi
ao lusco-fusco
quando tu desenhavas no quarto branco
uma tela com o meu rosto.

para não te importunar,

fui ver os barcos parados no cais,
pela noite de temporal,
lembro que o dia estava morno.

tanto tempo passou, tantas luas…

hoje preciso apagar todos os vestígios de ti,
é necessário, só assim lavarei ,esta saudade indefesa que escorre
lânguida e sem pudor, por todos os poros dum corpo
e das palavras que ficaram  escondidas.

é urgente…

hoje rasguei a tela em quatro bocados,
por inexplicável que seja, guardei os bocados
na arca que ainda tem os teus pincéis e as tintas
totalmente secas e dispensáveis.

© Piedade Araújo Sol 2016-10-24

23 Comentários:

Blogger Luis Eme disse...

Tanta "prisão" e "inspiração" no passado...

abraço Piedade

terça-feira, 25 outubro, 2016  
Blogger Agostinho disse...

Piedade, trazes hoje um poema que espelha com mestria a fragilidade dos sentimentos vitais do homem. Gostei.

Tinha de ser ao lusco-fusco
quando a penumbra não perturba
folha e mão, e a inocência é cal
nas paredes do quarto virginal.

Quando os movimentos se aquietam, ainda na ausência da tensão
que faz o mundo rodar.

Intempestivamente os barcos imobilizam-se no morno desconsolo
da vacuidade dos dias.

De permeio o entretanto dos desencontros.
As desilusões secam o calor
das torrentes que alimentam a vida
a esperança e a paixão.

Mas os vestígios teimam em eternizar no tempo que vem, o que se tem
Os sentimentos assaltam o corpo indefeso: não sobra mais nada
que a aridez da ausência.

Nem o exorcismo da memória lava a mágoa
os vestígios grudados no baú do coração.

Bj.

terça-feira, 25 outubro, 2016  
Blogger Graça Pires disse...

Um poema muito belo. Com tempo diferentes. Com sentires diversos. Com a mesma inquietação.
Uma boa semana.
Um beijo, Piedade.

terça-feira, 25 outubro, 2016  
Blogger Marta Vinhais disse...

Nem sempre é fácil esquecer as memórias...
As saudades ficam sempre, mesmo que escondidas....
Lindo...
Beijos e abraços
Marta

terça-feira, 25 outubro, 2016  
Blogger Cidália Ferreira disse...

Fantástico poema. Parabéns

Beijo
http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

terça-feira, 25 outubro, 2016  
Blogger Pedro Luso de Carvalho disse...

Belíssimo poe,a Piedade. O fundo musical também muito bom. Parabéns.
Abraços.
Pedro.

terça-feira, 25 outubro, 2016  
Blogger Os olhares da Gracinha! disse...

Um inquietude que importa libertar através da poesia!
A imagem é fantástica e gostei do poema!!!
bj

Conhece este poema?
http://mgpl1957.blogspot.pt/2016/10/charles-chaplin.html

quarta-feira, 26 outubro, 2016  
Blogger José Carlos Sant Anna disse...

Uma leveza nas palavras, uma na arca, uma breve dor molesta a alma do artista e gera o poema. Sentimentos que nascem, morrem e renascem ao influxo da memória...
Beijinhos, Piedade!

quarta-feira, 26 outubro, 2016  
Blogger Mar Arável disse...

Sem boas memórias não existem bons amanhãs

quarta-feira, 26 outubro, 2016  
Blogger SILO LÍRICO - Poemas, Contos, Crônicas e outros textos literários. disse...

Oi Piedade, maravilhoso espaço para deleite da alma. Devo dizer que minha mulher e eu estávamos na libação com um vinho tinto para a frugal refeição da noite quando abri seu blog e deparei com essa maravilha de poema com um fundo musical encantador, para culminar com ambos a curtir este espaço. Lindo... lindo, Piedade! Olhamos o blog das fotos também e gostamos igualmente, mas eu tenho predileção por poesia. Grande abraço e nossos agradecimentos pelos momentos agradáveis que nos proporcionou. Laerte (Silo).

quarta-feira, 26 outubro, 2016  
Blogger SILO LÍRICO - Poemas, Contos, Crônicas e outros textos literários. disse...

Belíssimo espaço, Piedade, Parabéns! Devo confessar que estávamos, minha mulher e eu a degustar um tintozinho para a refeição frugal da noite quando abri este espaço maravilhoso inundando a sala com tão linda música, e acabamos nos deliciando com as belas palavras do poema e a divina trilha sonora. Agradecemos, maravilhados pelo ambiente belíssimo. Parabéns e gratos. Laerte e Sandra.

quinta-feira, 27 outubro, 2016  
Blogger Majo Dutra disse...

Belíssimo poema de saudade pungente
de um amor intenso, poético, mas mal sucedido...
Rasgar a tela foi um ato de coragem e firmeza, pois sempre
é urgente levantar e prosseguir com determinação...
~~~ Beijinho, estimada amiga ~~~

quinta-feira, 27 outubro, 2016  
Blogger Teresa Durães disse...

Uma réstia de esperança?

quinta-feira, 27 outubro, 2016  
Blogger (CARLOS - MENINO BEIJA - FLOR) disse...

Percebo que gosta muito do mar, do cais, dos ventos. E sempre escreve lindamente sobre isso.

quinta-feira, 27 outubro, 2016  
Blogger Elvira Carvalho disse...

Um belo poema, onde a saudade se faz presente.
Um abraço

quinta-feira, 27 outubro, 2016  
Blogger Suzete Brainer disse...

Querida Piedade,

Belíssimo e comovente (me emocionou...),
esta missão da poesia de tocar as palavras
com todas as cores da emoção.
A memória, esta arca com a função de
guardar diante de uma saudade indefesa,
na urgência de apagar...

A imagem belíssima que perfeitamente traduz
toda a simbologia do poema.

Parabéns por este seu dom poético de emocionar.
Vou embora com a minha emoção que colhi aqui.

Um final de semana na alegria do mar perto de você...
beijinho.

quinta-feira, 27 outubro, 2016  
Blogger Toninho disse...

Olá Piedade.
Uma linda poesia que vem com cheiro de mar, respingos de água que se quebra nas pedras.
Colorido de por do Sol.
Bonito e muito bem inspirado.
Um bom lindo fim de semana com belos clicks pela praia.
Bjs de paz.

sexta-feira, 28 outubro, 2016  
Blogger Henrique Caldeira disse...

de certa forma, entendo-o [o poema] como a impossibilidade de apagarmos as memórias. muito bom!
beijinhos
:)

sexta-feira, 28 outubro, 2016  
Blogger Sinval Santos da Silveira disse...

Oi, Piedade Araújo Sol !

Tua dor, molhou os meus olhos...
Que decepção intensa !
Belo, belíssimo texto. Parabéns !
Um carinhoso abraço, aqui do
Brasil.
Sinval.

sábado, 29 outubro, 2016  
Blogger Jaime Portela disse...

As memórias, por vezes, são inquietantes.
E podem dar origem a excelentes poemas como este.
Gostei imenso das tuas palavras, querida amiga.
Piedade, tem uma boa semana.
Beijo.

segunda-feira, 31 outubro, 2016  
Blogger O Árabe disse...

Mais uma vez, Piedade, te superaste; na escolha da imagem e no belo poema, com que a tornas ainda mais significativa. Lindo post! Boa semana.

segunda-feira, 31 outubro, 2016  
Blogger VENTANA DE FOTO disse...

La imaginación y la fantasía es la característica principal de esta bella foto.

Besos

terça-feira, 01 novembro, 2016  
Blogger Ana Freire disse...

A vida não pára... embora seja duro, por vezes, guardar os pedaços de nós... que se perdem pelos caminhos e desencontros da vida...
Mais um trabalho sublime, Piedade!
De uma leveza conjugada, com uma irresistível e deliciosa profundidade...
Beijinhos!
Ana

sexta-feira, 04 novembro, 2016  

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