...
eu leio as palavras, que um dia escrevi
ao lusco-fusco
quando tu desenhavas no quarto branco
uma tela com o meu rosto.
para não te importunar,
fui ver os barcos parados no cais,
pela noite de temporal,
lembro que o dia estava morno.
fui ver os barcos parados no cais,
pela noite de temporal,
lembro que o dia estava morno.
tanto tempo passou, tantas luas…
hoje preciso apagar todos os vestígios de ti,
é necessário, só assim lavarei ,esta saudade indefesa que escorre
lânguida e sem pudor, por todos os poros dum corpo
e das palavras que ficaram escondidas.
é necessário, só assim lavarei ,esta saudade indefesa que escorre
lânguida e sem pudor, por todos os poros dum corpo
e das palavras que ficaram escondidas.
é urgente…
hoje rasguei a tela em quatro bocados,
por inexplicável que seja, guardei os bocados
na arca que ainda tem os teus pincéis e as tintas
totalmente secas e dispensáveis.
por inexplicável que seja, guardei os bocados
na arca que ainda tem os teus pincéis e as tintas
totalmente secas e dispensáveis.
© Piedade Araújo Sol 2016-10-24
23 Comentários:
Tanta "prisão" e "inspiração" no passado...
abraço Piedade
Piedade, trazes hoje um poema que espelha com mestria a fragilidade dos sentimentos vitais do homem. Gostei.
Tinha de ser ao lusco-fusco
quando a penumbra não perturba
folha e mão, e a inocência é cal
nas paredes do quarto virginal.
Quando os movimentos se aquietam, ainda na ausência da tensão
que faz o mundo rodar.
Intempestivamente os barcos imobilizam-se no morno desconsolo
da vacuidade dos dias.
De permeio o entretanto dos desencontros.
As desilusões secam o calor
das torrentes que alimentam a vida
a esperança e a paixão.
Mas os vestígios teimam em eternizar no tempo que vem, o que se tem
Os sentimentos assaltam o corpo indefeso: não sobra mais nada
que a aridez da ausência.
Nem o exorcismo da memória lava a mágoa
os vestígios grudados no baú do coração.
Bj.
Um poema muito belo. Com tempo diferentes. Com sentires diversos. Com a mesma inquietação.
Uma boa semana.
Um beijo, Piedade.
Nem sempre é fácil esquecer as memórias...
As saudades ficam sempre, mesmo que escondidas....
Lindo...
Beijos e abraços
Marta
Fantástico poema. Parabéns
Beijo
http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/
Belíssimo poe,a Piedade. O fundo musical também muito bom. Parabéns.
Abraços.
Pedro.
Um inquietude que importa libertar através da poesia!
A imagem é fantástica e gostei do poema!!!
bj
Conhece este poema?
http://mgpl1957.blogspot.pt/2016/10/charles-chaplin.html
Uma leveza nas palavras, uma na arca, uma breve dor molesta a alma do artista e gera o poema. Sentimentos que nascem, morrem e renascem ao influxo da memória...
Beijinhos, Piedade!
Sem boas memórias não existem bons amanhãs
Oi Piedade, maravilhoso espaço para deleite da alma. Devo dizer que minha mulher e eu estávamos na libação com um vinho tinto para a frugal refeição da noite quando abri seu blog e deparei com essa maravilha de poema com um fundo musical encantador, para culminar com ambos a curtir este espaço. Lindo... lindo, Piedade! Olhamos o blog das fotos também e gostamos igualmente, mas eu tenho predileção por poesia. Grande abraço e nossos agradecimentos pelos momentos agradáveis que nos proporcionou. Laerte (Silo).
Belíssimo espaço, Piedade, Parabéns! Devo confessar que estávamos, minha mulher e eu a degustar um tintozinho para a refeição frugal da noite quando abri este espaço maravilhoso inundando a sala com tão linda música, e acabamos nos deliciando com as belas palavras do poema e a divina trilha sonora. Agradecemos, maravilhados pelo ambiente belíssimo. Parabéns e gratos. Laerte e Sandra.
Belíssimo poema de saudade pungente
de um amor intenso, poético, mas mal sucedido...
Rasgar a tela foi um ato de coragem e firmeza, pois sempre
é urgente levantar e prosseguir com determinação...
~~~ Beijinho, estimada amiga ~~~
Uma réstia de esperança?
Percebo que gosta muito do mar, do cais, dos ventos. E sempre escreve lindamente sobre isso.
Um belo poema, onde a saudade se faz presente.
Um abraço
Querida Piedade,
Belíssimo e comovente (me emocionou...),
esta missão da poesia de tocar as palavras
com todas as cores da emoção.
A memória, esta arca com a função de
guardar diante de uma saudade indefesa,
na urgência de apagar...
A imagem belíssima que perfeitamente traduz
toda a simbologia do poema.
Parabéns por este seu dom poético de emocionar.
Vou embora com a minha emoção que colhi aqui.
Um final de semana na alegria do mar perto de você...
beijinho.
Olá Piedade.
Uma linda poesia que vem com cheiro de mar, respingos de água que se quebra nas pedras.
Colorido de por do Sol.
Bonito e muito bem inspirado.
Um bom lindo fim de semana com belos clicks pela praia.
Bjs de paz.
de certa forma, entendo-o [o poema] como a impossibilidade de apagarmos as memórias. muito bom!
beijinhos
:)
Oi, Piedade Araújo Sol !
Tua dor, molhou os meus olhos...
Que decepção intensa !
Belo, belíssimo texto. Parabéns !
Um carinhoso abraço, aqui do
Brasil.
Sinval.
As memórias, por vezes, são inquietantes.
E podem dar origem a excelentes poemas como este.
Gostei imenso das tuas palavras, querida amiga.
Piedade, tem uma boa semana.
Beijo.
Mais uma vez, Piedade, te superaste; na escolha da imagem e no belo poema, com que a tornas ainda mais significativa. Lindo post! Boa semana.
La imaginación y la fantasía es la característica principal de esta bella foto.
Besos
A vida não pára... embora seja duro, por vezes, guardar os pedaços de nós... que se perdem pelos caminhos e desencontros da vida...
Mais um trabalho sublime, Piedade!
De uma leveza conjugada, com uma irresistível e deliciosa profundidade...
Beijinhos!
Ana
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