quem sabe dos barcos
Quem sabe dos barcos
a subir na maré
aos olhos da madrugada?
hajota
a subir na maré
aos olhos da madrugada?
hajota
e como se a insónia fosse o mar,
eu ouvia-o nas noites quentes de verão,
nessa altura o mar quase que nos entrava,
destapado pela porta da entrada.
eu ouvia-o nas noites quentes de verão,
nessa altura o mar quase que nos entrava,
destapado pela porta da entrada.
eu na cama ancorada, ouvia a fúria
e sabia da espuma das ondas
em seu persistente bailado, sabia
que no dia seguinte tu ias saber dos barcos.
e sabia da espuma das ondas
em seu persistente bailado, sabia
que no dia seguinte tu ias saber dos barcos.
ensonada também ia, e
subia
para a ponta mais alta do cais
e mergulhava
com deleite o meu olhar sobre tudo.
para a ponta mais alta do cais
e mergulhava
com deleite o meu olhar sobre tudo.
e como a tua imagem era a mais alta de todas,
do meu posto de vigília eu usurpava,
as palavras e até o teu respirar,
e os gestos dos teus braços.
do meu posto de vigília eu usurpava,
as palavras e até o teu respirar,
e os gestos dos teus braços.
Sabes! A casa da praia já não existe,
agora é apenas um jardim com flores,
por vezes cheias de sede,
e com falta de cores.
agora é apenas um jardim com flores,
por vezes cheias de sede,
e com falta de cores.
E os barcos, pai!
Os barcos pai! Foram abatidos!
E os que restaram, agora até servem para
trazerem coisas durante a madrugada.
Os barcos pai! Foram abatidos!
E os que restaram, agora até servem para
trazerem coisas durante a madrugada.
©Piedade Araújo Sol 2015-12-30
(em memória do meu pai)
27 Comentários:
O mundo gosta de mudar, Piedade.
Os barcos quase que foram expulsos do mar.
E os pescadores tiveram de lhe virar costas. Os mais sonhadores ainda vão todas as manhãs respirar o ar que tem sal e depois entretêm-se a fazer barcos de madeira, quer vendem por tostão e meio aos comerciantes de artesanato...
abraço
Very good!
O diamante acolheu-se no manto
da noite até à cristalização perfeita
e surgisse da limpidez pura o canto
Elevou-se no tempo onde o sol se deita
e do brilho de pérolas na face ficasse
terna memória que o perpetuasse
Bj
Uma poesia soberba!!
Beijo e um dia feliz.
http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/
Lindíssimo poema... também sobre a viagem feita ao sabor da espuma das recordações... que sempre nos devolvem os olhares de então... resgando-os ao tempo...
Uma pura maravilha em palavras... e um belo suporte em imagem...
Adorei!!! Um belíssimo, e inspirado começo de ano, por aqui, Piedade!...
Beijinhos
Ana
A paisagem em constante mudança, deixa-nos a nostalgia das memórias.
Que neste grito aflito, escrito e refletido, possa trazer o lado positivo e que permaneçam, agora as flores.
Bjnhs
Os barcos repletos de memórias vivas,
a emoção na ponte atemporal, trazendo
o (seu) Pai com braços cheios do
(a)mar mais sublime para ti, Piedade...
Emocionada com a leitura, deixo um
beijo e abraço solidário!
Os barcos em primeiro plano na lembrança juntamente com a memória do pai. Os olhos a tornarem-se paisagem líquida por dentro das palavras... Tão belo, Piedade!
Um beijo.
O olhar sobre o tempo, sobre tudo que modifica...
Um grito de palavras com memórias....
Lindo...
Beijos e abraços
Marta
~~~
Acabei de escrever no «Mar Arável», algo como isto:
Todos temos memórias fantásticas que são tesouros preciosos.
~ Um poema marítimo, pleno de beleza e iluminado de ternura. ~
~~~~~~ Beijinho, Poeta amiga. ~~~~~~
~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~
Um poema feito de memórias, ou quando a memória se torna poesia, na inspiração do poeta.
Muito bom.
Um abraço e Feliz dia de Reis.
Excelente homenagem
Bj
Linda imagem, bela e tocante homenagem! Bom resto de semana, Piedade; que aqueles que amamos permaneçam sempre tão lindamente, em nossa memória.
O tempo não se padece com as nossas memórias
Pois, nada acaba e tudo se transforma.
Gostei imenso deste poema.
Beijinhos e um feliz ano 2016
Um excelente poema que, para além da bela homenagem ao teu pai, contém algumas denúncias (abate dos barcos e o seu uso atual...).
Gostei muito, parabéns por mais este magnífico poema.
Bom fim de semana, Piedade.
Beijo.
Adoro o reflexo do barco, excelente fotografia!
Sempre o mar, a espuma e as ondas por aqui... :)
Poético, como sempre :)
beijo amigo
ESTRELA DO MAR
Venho de um País encantado
Só com uma casa e sete flores onde tudo pode acontecer
Trago as mãos vazias embrulhadas de silêncio
Dou uma flor das sete a quem me ensinar o viver
Radioso fim de semana
Terno beijo
A beleza e a nostalgia neste poema-maravilha!
Beijinho, Pi. :)
Lembranças de outros tempos.
Linda e sentida homenagem.
Beijinhos
Maria
ele sabe, que a casa da praia já não existe e os barcos abatidos
os bons pais sabem todas as coisas da solidão das madrugadas
ao seu pai
.
beijinhos Piedade
As palavras, aqui, são desnecessárias...
Que maravilha, Piedade!
Um beijinho :)
Muito sentido, o seu poema!
Quanto eu gostava dos barcos, antes dos motores.. e das coisas que agora trazem, sabe-se lá donde!
Beijinhos!
quem assim "rema" na Poesia, traz preso o destino dos barcos...
mto bom.
beijo
Quanta intensidade nas suas palavras, certamente chegaram aos céus em homenagem ao seu pai...
Que lindo Sol, comovente. Lindíssima homenagem a teu pai, parabéns! Gostei imensamente. Muito delicada, aprecio. Beijos!
Ah, ia esquecendo... A musica combinou perfeitamente. Como dizemos pro aqui: "Deu o clima".
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