terça-feira, 30 de abril de 2013

vou nos dias

Vou nos dias que se  baloiçam na sombra do vento,
não quero nem saber por onde vou,
nem como, nem quando.

E no entanto muitas vezes (tantas),

nem saio,
de onde estou.

Não consigo libertar-me de  um sorriso,

e todos os dias, vou dependurada
na luz de um sorriso meu.

e  no dia claro (escuro)

espero um sorriso teu.

©Piedade Araújo Sol 2013-04-30

terça-feira, 23 de abril de 2013

Escrevi sobre silêncios


Escrevi sobre silêncios e sobre os ecos que ressoam,
na ausência seca das palavras,
e o vento calou-me o silencio,
e o meu  cabelo voou sem cadência e sem rumo.

Tenho vagabundeado por aí,
ao sabor do vento e da madrugada,
livre de amarras,
e  a semear duvidas e caos,
num labirinto de tempo  libertado,
um destempo de casualidades.

Tenho um rio coberto de azu,l
que se abalroa inundado de água,
que se solta e encontra sempre o mar,
e que liberta as cores que me levam,
a  ser onda e ser palavra.


©Piedade Araújo Sol 2013-04-23

foto :  خیال برهنه‬‎

terça-feira, 9 de abril de 2013

A rua é sempre a mesma



A rua é a mesma,
continua igual mas sempre diferente,
todos os dias.
Por vezes estendo-me no sonho
e oiço murmúrios
e sons
e finjo-me adormecida
para não negar a veracidade

de uma realidade inventada por mim.
Sonho dias,
sonho cheiros,
e inalo o pólen,
dos plátanos que circundam a praça,
que me beija com as narinas magoadas.
Sonho portas abertas
para lá das portas fechadas

e sei que não estás,
mas eu vejo-te sentado à porta
por onde eu entrava
para nos entregarmos à invenção do amor
com a urgência na demora.
Sonho silêncios,
sonho a brisa que vem do mar…
e o vento da cidade
a despentear-me a fuga de mim e de ti.

Estou cansada,
não tenho forças
e o sonho é apenas o aroma
que eu guardo no meu desígnio,
que me tinge de vermelho.
Serei vermelha

na dor do sonho e na língua da paixão.

.
© Piedade Araújo Sol 2013-04-08
Foto : chudzyy

terça-feira, 2 de abril de 2013

escrevo com serenidade


escrevo com serenidade e por vezes com raiva
com a impetuosidade
de um beijo
que se trocou na voracidade
do vento.

escrevo na noite
no baloiço de um barco
que se faz ao mar
com a lua a reflectir-se
na água
resplandecente de estrelas .

barco desenhado em memórias
mar presente, sempre
em todas as palavras que invento,
que escrevo e que ficam
entranhadas,
conspiradas na página outrora
virgem.

escrevo beijo,
escrevo amor,
escrevo saudade,

e por vezes nem sei porque escrevo.


©Piedade Araújo Sol 2013-04-01

Foto  © Katia Chausheva