Vidas Duplas
Deslizo o meu corpo sobre a tua cama deserta ainda desfeitaRevivo-te nos lençois com as marcas do teu corpo e com o teu cheiro a plantas silvestres.
Durmo na tua cama nestas águas furtadas que com tanto esforço vais pagando a mensalidade. Magoa-me o dividirmos as contas quando vamos jantar, tu a escolher sempre o prato mais acessível da carta e eu deixar-te pagar a tua partePorque se pagasse tudo irias pressentir de algo que eu não quero que saibas.
Não sabes quem sou, talvez nunca venhas a saber quem sou eu na realidade.Não sabes nada de mim.Nada vezes nada, resumido a nada. Mas talvez adivinhes o ilícto do corpo que trago impotente nos olhos, talvez que o teu instinto de mulher não queira questionar os silêncios inconfessáveis que me devoram a alma.
Foi essa a minha condição! Nada de perguntas!
Estou cansado! Tão cansado de tudo! De andar de viagem em viagem, de não saber quando é a próxima etapa. De partir com medo que um dia quando volte já não estejas aqui à minha espera.
Amanhã resolvo isto, digo sempre de mim para mim.Amanhã!Amanhã! E amanhã pode ser tarde. Demasiado tarde para mim e para ti e para os sonhos que desenhei além de ti e de mim.
Tu ris, dizes que gostas de rir e assim sentes-te bem. E por vezes o teu riso é um esgar para enganar o que sentes, quando me vês pegar na mala azul com rodinhas, e seguir para o aeroporto.Mas sabes, eu sei que mentes. Mentes como eu também minto a mim próprio a ti e a tudo o que me rodeia.
Mentes sempre, pois no outro dia quando voltei para trás porque o voo tinha sido cancelado, encontrei-te deitada sobre a cama, onde agora estou eu. Estavas deitada na posição fetal e voltada para o postigo, por onde uma réstia de luz mal te distinguia.Choravas baixinho. Disfarças-te e alegaste estar constipada.
Tens medo de assumir o que temos e nem sei se temos alguma coisa, sei apenas que delimitei um prazo.Reformo-me “disto” aos quarenta anos e vou viver contigo de país em país. Talvez me refugie numa ilha junto ao mar e compre um barco onde possa viver contigo.
Talvez tu não tenhas mais que andar a fazer poupanças para pagar a renda destas águas furtadas, e faças aquilo que gostas. Continuares a pintar o teu mar de verde e o céu de azul. Talvez eu não terei mais que andar de aeroporto em aeroporto com a mala azul de rodinhas atrás de mim, sempre receoso do tiro que me persegue em sonhos.
Nem sabes meu nome, pelo menos o que está nos documentos verdadeiros. Mas será esse que passarei a usar.Assim tentarei esquecer este que uso agora e esquecerei quem fui.
Sinto os olhos cansados, tão cansados, as pálpebras parecem-me de chumbo, quero abri-los e nem consigo.
Está decidido amanhã resolvo isto....
Durmo na tua cama nestas águas furtadas que com tanto esforço vais pagando a mensalidade. Magoa-me o dividirmos as contas quando vamos jantar, tu a escolher sempre o prato mais acessível da carta e eu deixar-te pagar a tua partePorque se pagasse tudo irias pressentir de algo que eu não quero que saibas.
Não sabes quem sou, talvez nunca venhas a saber quem sou eu na realidade.Não sabes nada de mim.Nada vezes nada, resumido a nada. Mas talvez adivinhes o ilícto do corpo que trago impotente nos olhos, talvez que o teu instinto de mulher não queira questionar os silêncios inconfessáveis que me devoram a alma.
Foi essa a minha condição! Nada de perguntas!
Estou cansado! Tão cansado de tudo! De andar de viagem em viagem, de não saber quando é a próxima etapa. De partir com medo que um dia quando volte já não estejas aqui à minha espera.
Amanhã resolvo isto, digo sempre de mim para mim.Amanhã!Amanhã! E amanhã pode ser tarde. Demasiado tarde para mim e para ti e para os sonhos que desenhei além de ti e de mim.
Tu ris, dizes que gostas de rir e assim sentes-te bem. E por vezes o teu riso é um esgar para enganar o que sentes, quando me vês pegar na mala azul com rodinhas, e seguir para o aeroporto.Mas sabes, eu sei que mentes. Mentes como eu também minto a mim próprio a ti e a tudo o que me rodeia.
Mentes sempre, pois no outro dia quando voltei para trás porque o voo tinha sido cancelado, encontrei-te deitada sobre a cama, onde agora estou eu. Estavas deitada na posição fetal e voltada para o postigo, por onde uma réstia de luz mal te distinguia.Choravas baixinho. Disfarças-te e alegaste estar constipada.
Tens medo de assumir o que temos e nem sei se temos alguma coisa, sei apenas que delimitei um prazo.Reformo-me “disto” aos quarenta anos e vou viver contigo de país em país. Talvez me refugie numa ilha junto ao mar e compre um barco onde possa viver contigo.
Talvez tu não tenhas mais que andar a fazer poupanças para pagar a renda destas águas furtadas, e faças aquilo que gostas. Continuares a pintar o teu mar de verde e o céu de azul. Talvez eu não terei mais que andar de aeroporto em aeroporto com a mala azul de rodinhas atrás de mim, sempre receoso do tiro que me persegue em sonhos.
Nem sabes meu nome, pelo menos o que está nos documentos verdadeiros. Mas será esse que passarei a usar.Assim tentarei esquecer este que uso agora e esquecerei quem fui.
Sinto os olhos cansados, tão cansados, as pálpebras parecem-me de chumbo, quero abri-los e nem consigo.
Está decidido amanhã resolvo isto....
(Obs:Este texto é pura ficção, qualquer semelhança com casos veridicos será mera coincidençia)
Foto:JP SOUSA
11 Comentários:
Que pena, a ser real seria...um caso...sério...
Doce beijo
Até que enfim, alguma coisa interessante de se ler! Bonito, mas atenção aos erros ortográficos...
Volto amanhã.
Um belíssimo conto.
Escreves tão bem poesia como prosa.
Onde é que a Zezinha viu erros ortográficos? Eu não vi...
Bfs, beijinhos.
Olá Piedade,
Gostei muito. Um beijo
Querida Pi
Gostei muito deste teu conto. Bem estruturado e prende o leitor até ao fim.
Apesar da tua advertência de que é pura ficção, a verdade é que existem vidas assim na realidade dos nosso dia a dia. Vidas duplas que, por variadas razões, sã difíceis de largar.
Deixamos sempre para "amanhã", mas nem sempre é fácil ou possível que esse "amanhã" se concretize.
Beijinho
Adorei.
A simplicidade em forma de palavras, mas está lindo.
O teu talento é sempre de louvar.
Um beijo
Minha querida Pi
__________deslizo na tua escrita__________mesmo no [in]confessável das______vidas duplas
Beijinhos com muito carinho
boaSemana
Eu diria mesmo um caso muito sério na escrita de ficção..Excelente.parabéns.um abraço, ell
:):)
Venho convidar-te a brindar comigo amanhã 18/10... É dia de festa lá no meu cantinho...
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*´¨) мιℓ вєιנoѕ♥*♥
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E triplas... e mais...
Sinal dos tempos.
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